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sábado, 24 de maio de 2008

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Pesquisa discute: o computador é um aliado ou um vilão na educação?

Neste feriado de viagens, descanso e lazer, mães e pais precisam ficar atentos a uma pesquisa que acaba de ser divulgada sobre educação. Pesquisadores estão discutindo se o computador na sala de aula, afinal, é um aliado ou é um vilão.

O computador é só mais uma ferramenta, um instrumento disso tudo. Depende muito de como ele é usado. Para muita gente, o acesso aos computadores – ou a inclusão digital, como tem sido chamada – pode ser determinante na melhoria da educação. Mas pesquisadores alertam: é fundamental verificar atentamente como os estudantes estão usando esses equipamentos.
Geografia não é mais um problema para a estudante Olívia Kiehl, de 11 anos. Com a internet, tudo ficou mais fácil: mapas, informações sobre o Brasil e o mundo. O acesso é ilimitado e rápido.
“Se você olhar um livro e não achar a resposta completa, você pode ter um complemento que é a internet”, comentou a estudante.
A pesquisa é usada também nas salas de aula. Nas escolas públicas, lousas digitais aproveitam o conteúdo da internet. No interior de São Paulo, existe até carteira informatizada.
Cada vez mais a tecnologia faz parte do ensino, o que nem sempre significa uma melhoria no aprendizado. Uma pesquisa da Universidade de Campinas, já publicada em revistas científicas internacionais, mostra que o computador pode ser um vilão do ensino.
Ao todo, 280 mil alunos foram avaliados em todo país. E a conclusão dos pesquisadores surpreende: quem usa a informática para os trabalhos escolares tem um desempenho pior nas provas.
Os alunos acostumados a fazer trabalhos escolares no computador têm desempenho 8% inferior daqueles que não usam a informática. A explicação está nas facilidades tecnológicas, como o recurso de copiar e colar um texto.

“O problema não é copiar, o problema é colar. Porque se ele copiasse da internet, mas escrevesse, ele leria alguma coisa, ele memorizaria alguma coisa”, disse o pesquisador da Unicamp, Jacques Wainer.

O corretor ortográfico também foi considerado um problema. “Se o aluno sempre usa o Word para escrever qualquer coisa, ele não precisa saber a ortografia de ‘bolsa’ ou ‘calça’, porque o Word corrige. Mas na hora de fazer a prova, ele precisa saber”, acrescentou o pesquisador da Unicamp, Jacques Wainer.
O estudo mostra ainda que os alunos que utilizam o computador de vez em quando para estudar têm notas melhores em relação a quem não usa. Na Europa, as escolas já adotaram mudanças no ensino.


“Os professores simplesmente recusavam aceitar trabalhos feitos no computador. A insistência era que o aluno fizesse o trabalho à mão para facilitar e estimular o processo de memorização. Desconfie de quem diz que tecnologia, por si só, resolve alguma coisa”, alerta o pesquisador da Unicamp, Tom Dwyer.
A recomendação dos pesquisadores é que os pais acompanhem as atividades escolares dos filhos, como faz a mãe de Olívia.
“Se a gente estiver acompanhando, acho muito importante”, disse a corretora de imóveis Vanessa Kiehl.
Os professores de informática também se preocupam com o uso que os alunos podem fazer do computador nas tarefas, mas defendem a tecnologia como uma ferramenta fundamental para o ensino.
“O computador é uma ferramenta tal qual é a lousa, o giz, um livro ou um filme. Sabendo usar de uma maneira adequada, você permite que o aluno se desenvolva”, defende o professor Durival Gasparotto.
As pesquisas só comprovam que o bom desempenho nas escolas passa pelo acompanhamento feito pela família. Os filhos que têm pais que demonstram interesse pelos estudos costumam tirar notas melhores. Os pais que gostam de ler também passam esse interesse para os filhos. O computador, sozinho, não faz nada.

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