O Município de Espera
Feliz foi recentemente contemplado com a doação de uma aeronave Bandeirante, da
Força Aérea Brasileira (FAB). Trata-se de uma relíquia.O avião Bandeirante,
projetado no Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos (SP), foi
o primeiro a ser comercializado pela empresa estatal Embraer, criada nos anos
1960 como pilar central dos esforços do Regime Militar para o desenvolvimento e
a capacitação de uma indústria aeronáutica no país. Considerando o
excelente custo-benefício do aparelho na época, capaz de servir tanto a
propósitos civis quanto militares, bem como ligar diversas regiões de um
país-continental, foram construídas mais de 500 unidades do Bandeirantes, cuja
fabricação foi encerrada em 1990. Apesar disso, ainda existem mais de 150
unidades em operação, servindo, principalmente, às Forças Armadas Brasileiras.
Os aviões têm um poder incrível de
fascinar crianças e jovens. Em 1996, jovem estudante da Escola Estadual Altivo
Leopoldino de Souza, fui estimulado a participar de um concurso de redação
sobre Santos Dumont, realizado pela Secretaria de Educação de Minas Gerais e
pelo Ministério da Aeronáutica, “O Futuro está no Ar”. Juntamente com a colega
Débora Bastos, tivemos nossa redação selecionada e premiada com uma viagem à
Base Aérea de Lagoa Santa, próxima a Belo Horizonte, onde pudemos conhecer, de
perto, uma infinidade de coisas sobre a manutenção de aviões. Nessa ocasião,
tive a oportunidade de fazer o meu voo de batismo, num monomotor da FAB,
sobrevoando a região. O passeio, realizado também na companhia da nossa então
professora de Português e Literatura, Nilcéia Bastos, e pela supervisora
Thereza Amaral, minha tia, foi finalizado com um voo final à Base Aérea do
Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, num Bandeirantes da FAB. Lembro-me muito
bem que a falta de pressurização da cabine, se por um lado incomodava os
ouvidos, por outro nos proporcionava a oportunidade de experimentar o gosto de
viajar numa aeronave utilizada pelos nossos militares em cenários de guerra.
Tendo em vista a chegada desse mesmo
tipo de avião da adolescência em Espera Feliz, não por via aérea, mas
terrestre, transportado por uma carreta (o que deve ter despertado curiosidade
por todos os lugares onde passou) é interessante refletirmos sobre as
possibilidades abertas pela presença dessa máquina na Área de Lazer para
impulsionar os setores de educação, cultura, lazer e turismo em nosso
Município. As escolas do Município e da região poderão, por exemplo, valer-se
do aparelho para enriquecer as aulas sobre diversas disciplinas, bem como
lançar mão de palestras e cursos, inclusive em parceria com instituições
voltadas à Aeronáutica, como a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), em
Barbacena (MG), que prepara os aspirantes à carreira de oficial da Força Aérea.
Assim como a maioria das pessoas
fascinadas por aviação, acredito que o presente recebido pelo Município também
irá impulsionar, de forma vigorosa, o interesse das crianças e jovens por
assuntos relacionados aos temas de história militar ou ao interesse pela
física/engenharia. O impacto na área cultural também será muito positivo, com a
possibilidade de realização de eventos relacionados ao tema da aviação na Área
de Lazer, despertando a criatividade de professores e estudantes. Além de
significar mais uma opção de lazer e fomentar a cultura da aviação entre a
juventude, o Bandeirantes da FAB poderá ser um instrumento educativo e didático
de resgate histórico do episódio da Guerrilha do Caparaó (1966/1967), que
contou com a presença de grande aparato militar das Forças Armadas em Espera
Feliz. Os esperafelicenses poderiam, dessa forma, tomar conhecimento e resgatar
um dos momentos mais interessantes de sua história, já retratado em livros e em
documentário, o que poderia ser feito agregando-se ao projeto do avião alguns
painéis explicativos sobre esse período.
Fruto de uma parceria bem sucedida
entre o Poder Executivo e a Câmara de Vereadores de Espera Feliz para dinamizar
a cidade como polo turístico da região, a instalação do Bandeirantes da FAB é
apenas uma das peças de uma estratégia ousada de tornar Espera Feliz um dos
destinos turísticos mais interessantes do leste de Minas Gerais, que conta com
total apoio do Governo do Estado de Minas Gerais. Esse grande esforço contempla
ainda uma conexão cada vez maior com os Municípios vizinhos do Entorno do
Caparaó através do Circuito Turístico Pico da Bandeira; pela opção estratégica
do ecoturismo e do turismo rural como eixos de diversificação econômica e
geração de mais e melhores empregos na cidade; pela multiplicação dos frutos da
grande divulgação do café de qualidade produzido em Espera Feliz e suas belas
montanhas para fortalecer as vantagens competitivas do Município; pela
valorização e divulgação do Caminho da Luz como roteiro de peregrinação cada
vez mais visitado; pelo resgate das tradições e costumes da cultura mineira,
como vimos no Festival Gastronômico, na Exposição Agropecuária e nos eventos
musicais; pela busca de parcerias para viabilizar o resgate da memória
ferroviária, da trajetória das famílias e da história cultural e política do
Município.
Além de reinserir a cidade do mapa político
estadual e de reconstruir a capacidade administrativa para atrair
investimentos, oferecendo gestão séria e políticas públicas de qualidade aos 24
mil esperafelicenses, a Administração iniciada em 2013 vem se esforçado para
buscar soluções criativas para resgatar a autoestima e recuperar a vigorosa
vocação turística da cidade.Nossos parabéns ao Prefeito Carlinhos Cabral e a
toda a sua equipe; ao Presidente da Câmara Municipal, Gilmar Augusto, e aos
demais Vereadores. Com a apoio da sociedade e uma articulação bem sucedida
entre os Poderes Públicos, mirando nos exemplos bem sucedidos de gestão
pública, como o do Governo do Estado de Minas Gerais, a cidade de Espera Feliz
vai construindo o seu próprio caminho para o desenvolvimento.
Enrique Carlos Natalino, Mestre em
Administração Pública, é Assessor da Governadoria do Estado de Minas Gerais.
Fonte site Portal Espera Feliz
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